Diagnósticos Estão Aumentando – Mas Por quê?
Nos últimos anos, os diagnósticos de Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) têm crescido. Isso não significa, necessariamente, que mais pessoas estão “ficando doentes”. Na verdade, esse aumento está ligado a três grandes fatores:
- Maior conhecimento e conscientização: Famílias, professores e profissionais de saúde estão mais atentos aos sinais. Antes, muitas dificuldades passavam despercebidas ou eram rotuladas de “preguiça”, “birra” ou “mau comportamento”.
- Avanços da ciência e da tecnologia: Hoje temos exames de imagem mais precisos, pesquisas genéticas e estudos de neurociência que ajudam a entender como o cérebro funciona e como cada condição se manifesta.
- Acesso a avaliação especializada: A Avaliação Neuropsicológica tornou-se mais conhecida e acessível, permitindo identificar o perfil cognitivo e emocional de cada pessoa com mais precisão.
Mas Há Diagnósticos Errados?
Sim, pode acontecer — e é por isso que o diagnóstico diferencial é tão importante. Alguns sinais se parecem muito entre diferentes condições. Por exemplo:
- Dificuldade de atenção pode ser TDAH, mas também pode ser ansiedade ou depressão.
- Atrasos na fala podem estar no espectro do autismo, mas também em distúrbios de linguagem sem TEA.
- Crianças superdotadas (AH/SD) às vezes são confundidas com TDAH porque se entediam fácil e ficam inquietas.
Por isso, não basta um questionário online ou um relato rápido para fechar diagnóstico. É preciso uma avaliação completa, feita por profissional capacitado, ou seja, o Neuropsicólogo Clínico, que usa testes padronizados e entrevistas detalhadas.
Afinal, o que faz o Neuropsicólogo?
A Neuropsicologia é uma área que une a Neurologia e a Psicologia.
De um lado, o estudo do cérebro e do sistema nervoso; do outro, o estudo do comportamento humano.
O neuropsicólogo é o profissional que realiza a Avaliação Neuropsicológica, uma investigação detalhada que mede:
- Atenção, memória, linguagem, raciocínio, planejamento, funções executivas.
- Aspectos emocionais e comportamentais que podem impactar o dia a dia.
Com essas informações, ele pode:
- Identificar o que está acontecendo (por exemplo, diferenciar TDAH de ansiedade).
- Indicar o caminho do tratamento, sugerindo intervenções, terapias, adaptações escolares ou encaminhamentos médicos.
- Acompanhar a evolução ao longo do tempo, mostrando se as intervenções estão funcionando.
A Neurociência Mostra Resultados
Pesquisas recentes com exames de imagem comprovam algo muito importante:
a psicoterapia pode produzir mudanças no cérebro — fortalecendo conexões, reduzindo hiperatividade de áreas ligadas à ansiedade e aumentando o equilíbrio emocional.
Isso reforça que buscar ajuda faz diferença: não é apenas “conversa”, é tratamento baseado em evidências.
Quando Procurar Avaliação Neuropsicológica?
- Quando há dificuldade de concentração, memória ou aprendizagem.
- Quando há mudança no comportamento, como isolamento, tristeza ou agitação excessiva.
- Quando existe suspeita de TEA, TDAH ou AH/SD.
- Quando as pessoas apresentam esquecimento ou estados confusionais além do esperado para a idade.
Quanto antes o diagnóstico é feito, mais cedo começam as intervenções — e maiores são as chances de bons resultados.
O aumento dos diagnósticos é um reflexo positivo de uma sociedade mais informada e de uma ciência mais avançada. Buscar avaliação não significa rotular — significa compreender melhor o que está acontecendo para oferecer apoio certo na hora certa.
Se você ou alguém que você ama enfrenta dificuldades de atenção, comportamento, memória ou aprendizagem, procure um profissional qualificado.
A Avaliação Neuropsicológica pode ser o primeiro passo para um caminho de desenvolvimento, qualidade de vida e inclusão.
Referências
American Psychological Association. (2023). Neuropsychological assessment: Advances and applications.
Faraone, S. V., et al. (2023). The genetics of ADHD: Current status and future directions. Molecular Psychiatry.
URMC (2024). Research finds neurons look different in children with autism.
Neihart, M., Pfeiffer, S. I., Cross, T. (2022). The social and emotional development of gifted children.